sábado, 20 de março de 2010

A conta de luz

Já não sinto a brisa no rosto
Já não vejo a cara exposta
Já não sinto o gosto. Desgosto
Já não vejo a mesa posta
Tentando usar o lado oposto
Olhando no espelho, fazendo aposta

Já não ando pela rua escura
Já não passo por marujo
Já não ando na captura
Já não bebo em copo sujo
Contando os egos da pintura
Me agarro e enferrujo

Já não tenho mais medo
Já não vejo a estrada deserta
Já não tenho mais segredo
Já não sei se é a coisa certa
Fumando a mente que precedo
Na certeza mais incerta

quinta-feira, 18 de março de 2010

Suplicas

Minha sombra que seguia dentre os becos,
Pedi pra que apagassem os lampiões.
Pedi pra que deixassem ser escuridão.

Minha angústia que seguia dentre os segredos,
Pedi pra que apagassem as recordações.
Pedi pra que deixassem ser ilusões.

E minha vontade de ser singular,
Perdia-se noite adentro.

quarta-feira, 17 de março de 2010

O gozo de um doze!

E agora me perco em gargalhadas.
De remotos causos de causas remotas,
Que se faziam presente no passado gozado.
Que descubro no gozo de um doze!

Que seria o doce sem o amargo?
E todas aquelas flores sem espinhos...
Nada mais eram que o êxtase de um gole,
Que perpetuara em tua glória.

A cada cachaça uma viagem,
Que floresce num boteco sujo.
E nas lindas palavras que dissera o poeta,
Esconde-se a nostalgia de sentir-lhe tão perto.

Ali estava como sempre foras.
Inconfundível ar de doçura.
Que me excita desejo oculto.
E agora me perco em gargalhadas.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Álibi do meu Eu

Quando eu digo que sei de mim
Você diz que tudo volta depois
E sabes muito sobre você
Mas não sabemos muito de nós dois

Como eu queria ser mais transparente
Como a neblina que passa suave
E deixa o cheiro da saudade.

Quando eu digo que não sou assim
Você diz que eu sei quem sou
Que desenho nossa história em nanquim
E que não me esqueço do que passou

Como eu queria ter o equilíbrio
Que pondera a lei do pêndulo
E faz menos inóspito esse sonho

Quando eu digo que estou bem
Você diz que é mérito meu
E qualquer dor que se possa ter
Esconde-se nas palavras que convêm

Como eu queria ter a malícia
Como os faquires em suas camas de pregos
Que mendigam e não sentem dor!

sexta-feira, 12 de março de 2010

De leve.

Um dia ela me achou, cara palida!!
Branquela azeda, assim diziam por aí...
Um dia ela quis acampar comigo!!
To gostando de ti, acontecia por aqui...

Um dia eu tive vontade do presente,
E hoje tenho saudade do futuro...

Meu amor...

quarta-feira, 10 de março de 2010

Um suspiro

Não me deixe perder a atenção

Quando eu me esquecer que estou aqui
Quando as vozes soarem mais altas que a vontade de ouvir
Quando minha bagagem pesar e me fizer cair
Não me deixe perder a atenção

Quando o amargo for de lágrima
Que seja quando fito teus olhos
E quando o âmago trouxer o doce sarcasmo
Não me deixe perder a atenção

E quando eu duvidar de mim mesmo
E quando eu achar que o mundo é assim
Quando eu me permitir iludir...
Por favor! Não me deixe perder a atenção